Confira o nosso bate-papo com Fernando Sanchez, Diretor Regional Comercial da Leroy no Brasil!

O membro diretor do comitê atua na Leroy Merlin há quase 10 anos, é formado em Administração pela FECAP e cursou MBA em Gestão Estratégica no Varejo pela ESPM. Podemos ver abaixo, com a resposta de 3 perguntas sobre a atualidade do mercado, o reflexo de seus anos de experiência e visão comercial apurada em temas atuais. 

Nos últimos anos, o varejo de casa e construção experimentou um crescimento significativo baseado muito nos efeitos da pandemia. O último ciclo demonstra uma importante queda que parece ainda ter um longo caminho até a sua recuperação/equilíbrio. Como você vê os próximos ciclos para retomada do setor? 

O mercado de home improvement no Brasil tem um potencial de R$207Bi, sem contar eletrodomésticos, e quando olhamos todos os home centers do país o share está próximo de um pouco mais de 8%, o que mostra que ainda temos muitas oportunidades de crescimento. Durante a pandemia tivemos dois movimentos importantes: primeiro, um acentuado crescimento na demanda de produtos para melhoria da casa, em função do lockdowns e da necessidade de melhoria do lar e, o segundo, foi um forte aumento nos preços de custo dos produtos para casa, reflexo da demanda, custos de importação e matéria prima gerando um efeito inflacionário durante o período de pandemia. Após esses dois anos, o que percebemos foi uma mudança no consumo, dividindo novamente a carteira do consumidor com setores de bens e serviços, aliado a um aumento de preços e o custo de crédito mais alto. Hoje, nos encontramos em um momento de redução nos custos logísticos de importação e matéria prima e um gradativo processo de deflação nos preços. O 4º trimestre de 2023 nos anima principalmente pela retomada no fluxo de cliente nas lojas e no crescimento na quantidade de artigos vendidos mostrando uma retomada no consumo de home improvement. Para 2024 não vejo ainda como um ano de fortes crescimentos para o setor, mas com uma possível  queda na taxa selic e um maior acesso a crédito, aliado a uma deflação nos preços de venda, com certeza trará boas oportunidades de retomada do setor nos próximos anos.

Hoje, o mercado de casa e construção ainda sofre com alguns obstáculos para a digitalização, sobretudo na parte de logística. Quais são as iniciativas digitais promissoras que você enxerga para o setor, e se puder compartilhar, para a Leroy Merlin? 

Nosso maior desafio está na omnicalidade. Já falamos há tempos sobre esse desafio em transformar a jornada do consumidor onde ele tenha a mesma experiência de forma integrada, independente do canal que ele decida utilizar, e hoje nosso segmento é muito mais multicanal. Não acredito que a loja física irá desaparecer, muito pelo contrário, mas devemos pensar nelas como locais de experiência, digitais, que construam comunidades e que também sejam hubs logísticos que facilitem o delivery reduzindo a última milha em prazo e distância. Além do impacto de CO2, com a redução da distância de viagens. Esse é um dos grandes focos que temos para os próximos anos.

Com o avanço de ferramentas de inteligência artificial, como você entende o impacto desse tipo de inovação para o aumento de vendas no mercado de casa e construção?

Sem dúvidas, a IA é uma tecnologia que podemos nos aportar de diversas formas para o segmento. Vejo ganhos em algumas frentes: primeiro no aprendizado. Um dos grandes desafios do varejo, em geral, é o turn over e para nosso segmento é ainda mais desafiador pois falamos de produtos com muitos atributos técnicos que interferem no processo de decisão e escolha do consumidor. Esse conhecimento leva um tempo a ser adquirido pelos profissionais do setor e cada vez que perdemos um especialista, perdemos conhecimento. Acredito que a IA pode nos ajudar como um apoio a dúvidas técnicas de vendas. Também vejo possibilidades, que já existem no mercado, como uma startup israelense que utiliza de IA generativa para sugerir ambientes e decorações para o consumidor. Também podemos utilizar para otimização de processos e decisões estratégicas como alocação de estoques, compras e malha logística. Temos muito potencial a explorar.