Há alguns dias assisti um vídeo que falava sobre o nosso sistema financeiro. O vídeo já é um pouco antigo, mas conta a narrativa complexa (e, por vezes, perversa) da distribuição de renda na sociedade brasileira, mostrando como o dinheiro é, no fim das contas, um cobertor curto: se você puxa muito para um lado (dos mais ricos), você descobre outro (dos mais pobres). O vídeo é esse aqui, do economista Eduardo Moreira.

Pois bem. Este cenário posto, vamos para uma outra narrativa também complexa que é a tomada de decisão dos pequenos e médios empreendedores na hora de investir em comunicação para seus negócios. Da mesma forma como o nosso complexo cenário econômico funciona com a lógica do “cobertor curto”, funciona também o negócio de quem tem dinheiro justo e precisa fazer escolhas na hora de investir em comunicação para o seu negócio.

É sempre uma decisão complicada para um empreendedor tirar uma parte (que as vezes é considerável) para investir em comunicação. Esqueça a velha lógica de mercado em que as empresas precisam investir 1% do valor que arrecada em comunicação. Às vezes esse valor fracionado não dá conta da necessidade e o dono do negócio precisa tomar uma decisão estratégica para tornar seu negócio conhecido, competitivo e aumentar o número de vendas.

Mercados hiper concorridos. Valores discrepantes de investimento em mídia entre as empresas. Briga dia a dia para conquistar e fidelizar o cliente. Promoções agressivas por todos os lados. O cenário que o empreendedor encontra hoje, na maioria dos mercados, é esse.

Como uma padaria de bairro pode brigar com uma rede, com injeção abundante de capital, como a Benjamin, em termos de comunicação? De que forma uma hamburgueria consegue chegar até seu target e despontar com promoções atrativas, se pela frente encontra grandes franquias como Bullguer, The Fifties, America Burger e um a-perder-de-vista de concorrentes com equipes estruturadas de comunicação e várias frentes de atuação?

A discussão aqui não é mais se essas empresas devem ou não ir para a mídia digital, uma vez que estamos dissertando sobre empresas que não tem budget suficiente para ancorar seus esforços nas mídias tradicionais por muito mais de um mês. O que está em pauta aqui é: qual modelo de gestão de comunicação uma empresa pequena ou média pode escolher? Os caminhos acabam se mostrando com apenas 3 soluções:

Não é incomum ver, dentro desse cenário, o empreendedor tomando a iniciativa de buscar conhecimento técnico na área de comunicação para aplicar no seu negócio. Há, sem sombra de dúvidas, um grande ganho com esse formato: ninguém sabe mais do seu negócio que o próprio empreendedor. Porém, não há nada mais complexo que atuar, de forma eficiente, em uma área do conhecimento que não dominamos. O empreendedor deve ser responsável pelo core business da empresa e se preocupar em gerar negócios. Liderar o projeto de comunicação da empresa pode levá-lo a acabar não fazendo nada com o foco necessário, nem comunicação e nem gestão.

O caminho natural na hora que pensamos em comunicação para o nosso negócio é contratar um time capacitado. Na teoria é o caminho do sucesso, porém, na prática, um pequeno ou médio negócio não tem na sua previsão de gastos um valor alto para contratar funcionários, ainda mais CLT. A encruzilhada que se encontrar o pequeno e médio empreendedor é: contratar uma pessoa com muitos skills e com uma posição sênior, ou apostar em alguns estagiários e gerenciá-los no processo de desenvolvimento de um projeto de comunicação. O risco aqui é simples, ou se tem alguém capacitado e experiente, mas que não tem todos as qualificações necessários, ou se tem um time pouco experiente e com horas contadas para atuar.

Uma agência de comunicação pode dar a um negócio um olhar 360º. Concentrar demandas. Aplicar saberes de profissionais sênior por hora contratada. Criar e desenvolver planejamento de comunicação e de mídia. Gestão de canais digitais. A agência é uma solução interessante. Foi também observando essa lacuna de mercado que eu e meu sócio, 4 anos atrás, abrimos a VOR Inteligência Coletiva. Porém, nem tudo são flores. Ter um time especializado para cuidar sua empresa custa, e nem sempre custa tão barato. Além disso, apesar de ser, em geral, uma equipe capacitada, eles trabalham com distanciamento do negócio e é preciso que o cliente esteja muito próximo da agência e que a agência tenha sinergia com o mercado que ela se propõe a atuar. Outro ponto importante, agência não opera milagres. O que nós fazemos, em 90% do tempo e diminuir a margem de erro das ações, para acertar logo. Um projeto saudável com uma agência precisa ser feito pelo menos com 6 meses, para testar a efetividade e os resultados.

E aí, você que é do mercado, o que achou? Qual melhor caminho? Compartilhe suas ideias conosco. 😉